Decisivo e goleador com a camisa do Santos, o atacante Mário Sérgio Santos Costa, o Marinho, pouco a pouco se afasta da imagem de folclórico para se firmar como um dos principais jogadores do Campeonato Brasileiro. Quando, no fim do ano passado, ele fez um apelo para ser visto como um profissional e não como um meme, indicou o quanto está disposto a ter atuações decisivas como a da última quarta-feira. Aos 30 anos, marcou duas vezes na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, na Vila Belmiro.
Desde o início do Brasileirão, o atacante marcou seis gols e deu três assistências. Ou seja, Marinho participou diretamente de nove gols do Santos em nove jogos. O técnico Cuca o elogiou e disse que o jogador é uma referência para os mais novos do elenco. “Ele tem feito de tudo para vencermos os jogos, não só os gols. Ele é um líder importante para equipe. Hoje o time que terminou o jogo estava cheio de meninos e precisamos ter alguém para puxar essa garotada. Então, ele está sendo um referência muito importante”, disse.
O prestígio se contrapõe à repercussão curiosa de uma entrevista dele realizada em 2015. Ainda pelo Ceará, o atacante virou meme e se tornou uma sensação na internet quando, após uma partida, demonstrou espanto com a informação de que estaria suspenso e fora do próximo jogo. “Que m…, hein? Não sabia, não”, afirmou. Antes de receber o status de “líder” e “referência”, Marinho rodou o Brasil. Nascido em Alagoas, ele deu seus primeiros passos no futebol no Corinthians de sua cidade natal. Por lá ficou entre 2005 e 2007, até ser contratado para jogar nas categorias de base do Fluminense.
O atacante passou um ano nas Laranjeiras e seguiu para o Internacional, para onde foi emprestado para várias equipes: Caxias, Paraná, Goiás e Ituano até ser contratado pelo Náutico, em 2014. No entanto, na temporada seguinte, ele já não jogava mais por lá. Marinho foi negociado ao Ceará, clube onde a história do meme surgiu.
A boa temporada na equipe alvinegra fez com que o Cruzeiro se interessasse pelo jogador. Ele não se firmou na equipe mineira e foi emprestado ao Vitória, que o contratou, em 2016. Após atuações convincentes, o atacante chamou a atenção da China e foi vendido ao Changchun Yatai. Marinho ficou fora do País por um ano, mas voltou ao Brasil, em 2018, para defender o Grêmio, onde permaneceu por uma temporada para depois seguir ao Santos.
Sampaoli e coletivo
No Santos e sob o comando do argentino Jorge Sampaoli, Marinho aprendeu lições de coletividade tática dentro de campo. A princípio, a torcida santista o chamava de “fominha”. O atacante segurava demais a bola e atrapalhava a formação de jogadas ofensivas, um mal costume que o acompanhava desde o Vitória. “É assim que eu jogo, muita gente fala que não eu toco a bola, mas eu tento sempre fazer o melhor para a equipe. Quando faço gol, ninguém fala isso. Mas, quando o resultado começa a ser adverso, acho que muitas críticas começam a aparecer. Mas eu não estou preocupado com críticas e, sim, em fazer o meu melhor e ajudar o Vitória, que é o que importa”, disse, em 2016.
Assim que perdeu essa postura, Marinho tornou-se titular absoluto do Santos e, além do poderio técnico, ganhou força neste ano pelo seu posicionamento público contra o racismo. Na eliminação do clube no Campeonato Paulista deste ano, diante da Ponte Preta, o atacante ouviu críticas de um comentarista de rádio de que deveria voltar para a senzala. Um dia depois, o jogador fez um desabafo em vídeo.
“Quando acontece com a gente, a gente sente mais. E eu brigo toda hora. Por isso brigo pela causa, porque quando passamos na pele é horrível. E não podemos deixar isso passar. Eu sei quem eu sou, sei o valor que tenho. E aí, eu fico pensando, porque antigamente eu não tinha voz ativa, aí passavam despercebidas todas essas coisas”, disse o jogador. Se, no passado, Marinho era sinônimo de meme, atualmente significa gols e posicionamento contundente.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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