“Proposta final do Fundeb foi escolhida no sentido de olharmos com mais cuidado para a educação básica e infantil”, afirmou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em entrevista exclusiva ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 26, um dia após a promulgação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que tornou o Fundo permanente. Segundo Ribeiro, que disse ter “participação decisiva no final”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a apresentar algumas opções de propostas. “De uma maneira parceira, Guedes conversou comigo pelo telefone. Havia outras opções, mas ele gentilmente concedeu para que eu pudesse escolher, e fiz no sentido de cuidar mais da educação básica. A escolha foi muito boa”, disse o ministro. “O dinheiro era curto e precisávamos dar uma opção. Quando eu entrei no governo, o presidente Bolsonaro falou claramente que gostaria que eu cuidasse mais das crianças”, continuou.
Segundo ele, a implementação do Fundeb terá participação dos técnicos do Ministério da Educação, da relatora do projeto, deputada Dorinha Rezende (DEM-TO), e de uma equipe do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Todos com o objetivo de tentar fazer a regulamentação do Fundeb a mais útil possível, visando sanar algumas falhas que aconteceram no passado”, explicou Ribeiro. A proposta foi aprovada ontem em dois turnos pelo Senado com 79 votos favoráveis e nenhum contra. O documento foi assinado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Mais conteúdo e menos diversão no ensino básico
A intenção de melhorar o ensino básico, de acordo com Ribeiro, é uma bandeira que ele vai defender em sua gestão no MEC. Segundo ele, a má formação das crianças é “fruto de uma política equivocada dos governos anteriores”, que “só fizeram assistência social e não melhoraram o conteúdo” nas escolas. Dessa forma, quando chegam as universidades federais, os alunos estão mal preparados. “Os alunos vem com um ranço de má formação na escola básica e fundamental, que foi até hoje abandonada. A intenção é evitar que as crianças passem vergonha quando entrarem na universidade e na avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que há anos apresenta resultados baixos em comparação com os outros países”, afirmou.
Para Ribeiro, houve uma reforma do ensino superior, com a criação de várias universidades federais, e faltou trabalhar o alicerce, que é o ensino fundamental. “Os governos anteriores tinham um cunho eleitoral e uma falsa ideia de que alguém que tem um diploma na mão é alguém instruído. Espalhou por esse nosso Brasil um número muito grande de universidades federais, bem recebidas pela população, mas eu não faria isso”, disse. Uma das mudanças, segundo ele, será dar mais conteúdo aos alunos, para que eles consigam começar o processo de alfabetização aos seis ou sete anos. “Estamos tentando trazer atrativos novos para as crianças. Muitas vezes a gente pensa que elas querem ir na escola apenas para se divertir, mas gostam de aprender de fato. Com todo o respeito ao métodos anteriores, mas faziam a ida a escola ser apenas uma diversão”, completou o ministro.
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