emperatura média global pode ficar mais do que 1,5°C acima dos níveis pré-industriais nos próximos anos, diz relatório. Derretimento do gelo ártico e clima mais úmido no nordeste do Brasil são possíveis consequências.
O mundo tem 50% de chance de registrar um aquecimento de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, mesmo que por um breve período, até 2026, afirmou nesta segunda-feira (9) a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Isso não significa que o mundo estaria cruzando o limite de aquecimento de longo prazo de 1,5ºC, que os cientistas estabeleceram como teto para evitar mudanças climáticas catastróficas. Mas um ano com um aquecimento de 1,5ºC poderia oferecer uma amostra de como seria cruzar esse limite por um longo período, afirmou a organização.
“Estamos cada vez mais perto de atingir temporariamente a meta mais baixa do Acordo de Paris”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. Assinado em 2015, o Acordo de Paris estabeleceu como objetivo limitar o aumento da temperatura a 2ºC, e, de preferência a menos de 1,5ºC, em relação à era pré-industrial.
O ANO MAIS QUENTE REGISTRADO ATÉ AGORA FOI 2016, QUANDO A TEMPERATURA MÉDIA FICOU EM TORNO DE 1,2ºC ACIMA DOS NÍVEIS PRÉ-INDUSTRIAIS, QUE SE REFEREM AO PERÍODO ENTRE 1850 E 1900.
O relatório da OMM foi divulgado entre a última Conferência da ONU sobre o Clima – a COP26, que aconteceu em Glasgow, na Escócia – e a próxima, a COP27, que será realizada no Egito. Cerca de 30 mil participantes são esperados em Sharm-el-Sheikh, em novembro, incluindo 120 chefes de Estado e de governo.
Impactos de um aquecimento de 1,5ºC
A probabilidade de exceder 1,5ºC por um curto período vem aumentando desde 2015: em 2020, cientistas estimaram essa chance em 20% e a revisaram no ano passado para até 40%.
Mesmo um ano com 1,5ºC de aquecimento pode gerar impactos terríveis, como a destruição de recifes de coral mundo afora e a redução da cobertura de gelo no Ártico. Com um aumento da temperatura global, é provável que o clima fique mais seco no sudoeste dos EUA e da Europa nos próximos cinco anos e mais úmido na região do Sahel, na África, no norte da Europa, no nordeste do Brasil e na Austrália.
Em termos de média de longo prazo, a temperatura média global está agora cerca de 1,1ºC acima da média pré-industrial.
“PERDAS E DANOS ASSOCIADOS OU EXACERBADOS PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS JÁ ESTÃO OCORRENDO, ALGUNS DELES PROVAVELMENTE IRREVERSÍVEIS NUM FUTURO PRÓXIMO”, AFIRMOU MAXX DILLEY, VICE-DIRETOR DE CLIMA DA OMM.
Políticas atuais pode levar a aquecimento de 3,2ºC
No âmbito do Acordo de Paris de 2015, os líderes mundiais se comprometeram a, idealmente, não cruzar o limite de 1,5ºC no longo prazo, mas, até agora, os países têm ficado aquém do objetivo de reduzir as emissões globais.
O nível de atividade econômica e políticas atuais colocam o mundo no caminho de um aquecimento de cerca de 3,2ºC até o final do século, preveem cientistas.
“É importante lembrar que, a falta de políticas de emissões baseadas na ciência significam que sofreremos impactos cada vez piores à medida que nos aproximamos de 1,6ºC ou 1,7ºC e de cada aumento de aquecimento posterior“, explicou Kim Cobb, cientista climático do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA.
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