O diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, declarou nesta sexta-feira que o Brasil atingiu estabilidade no número de novos casos de Covid-19, com tendência de queda em algumas regiões, mas que é necessário manter o padrão para que haja progressão no combate à pandemia. Ao mesmo tempo, a organização se mostrou preocupada com a situação do México, terceiro colocado no ranking mundial de mortes, atrás dos Estados Unidos e do próprio Brasil, e sétimo no ranking de contágios.
“A situação no Brasil de uma certa forma se estabilizou em termos de número de infecções detectadas por semana. É certo que as UTIs estão sob uma pressão menor do que já estiveram, e, quando olhamos para as incidências por regiões, a taxa de transmissão foi reduzida, e a aceleração dos casos foi estabilizada”, comentou o diretor da OMS. O Brasil é o segundo país com mais casos de infecção pelo vírus com 3,45 milhões, e também no número de vítimas com mais de 111 mil, mas a organização apontou para uma estabilização da curva. “A aceleração do contágio foi contida em várias regiões, e há uma queda clara em outras”, observou Ryan, que, no entanto, o momento no país é crucial e, por isso, exige trabalho das autoridades para que a tendência se confirme.
Pandemia subestimada no México
Na visão da OMS, a magnitude da pandemia da Covid-19 no México não é levada tão a sério quanto deveria, e uma das principais razões para isso é o baixo número de testes diagnósticos realizados. “A epidemia no México é muito provavelmente subestimada, os testes são limitados a 3 por 100 mil pessoas por dia, o que se compara a mais de 150 por 100 mil pessoas nos Estados Unidos”, comparou Ryan. Segundo o diretor de emergências, que recebe permanentemente informações atualizadas de todos os países, a porcentagem de testes que são positivos chega a 50% em determinados dias.
Ryan também revelou que as estatísticas com as quais lida mostram uma clara diferença na mortalidade entre os moradores dos bairros ricos e pobres. Nas regiões menos favorecidas, as pessoas têm até cinco vezes mais probabilidade de morrer de Covid-19, e a situação para os povos indígenas é semelhante. O médico irlandês disse que o México deve fazer esforços para aumentar o acesso aos testes, pois, na escala em que são realizados atualmente, não se pode fazer uma avaliação realista da situação.
Em outro momento da entrevista coletiva dos principais responsáveis pela OMS, foi feita uma comparação entre esta pandemia e a de 1918, conhecida como a “gripe espanhola”, que teve várias ondas e após a qual o vírus continuou circulando por décadas. A esse respeito, o diretor geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que tal pandemia durou de fevereiro de 1918 a abril de 1920. Ele afirmou esperar que a atual possa ser detida em menos tempo. “O vírus pode se mover mais rápido agora porque estamos mais conectados, mas ao mesmo tempo temos a tecnologia e o conhecimento para detê-lo”, resumiu.
Crianças e o uso de máscaras
Com o início do ano letivo, vários países europeus que sofrem com surtos de coronavírus estão impondo medidas de proteção adicionais, como a França, que acaba de tornar obrigatório o uso de máscaras para alunos a partir dos 11 anos de idade. Sobre a relevância de tal medida, Ryan defendeu a utilidade das máscaras para quebrar as redes de transmissão do vírus, embora ainda não haja consenso científico sobre o papel das crianças como transmissoras. Entretanto, a chefe da célula técnica para combater a pandemia na OMS, Maria Van Kerkhove, declarou que há estudos que indicam que crianças mais novas transmitiriam menos o vírus do que adolescentes. O que se sabe é que os mais novos podem contrair o vírus e tendem a ser assintomáticos ou desenvolver uma forma leve de Covid-19. Um número limitado de casos graves e até de morte mortes foi relatado nessa faixa etária.
*Com Agência EFE
Compartilhe