Pais também podem sofrer com a depressão pós-parto, explica especialista

Triste, desmotivado e irritado. Esses sentimentos descrevem os últimos seis meses na vida do Rafael, nome fictício para preservar a intimidade do entrevistado. O momento único de ter a primeira filha deu lugar a um quadro de depressão pós-parto. “Tava atrapalhando meu desempenho profissional, eu não tinha motivação para trabalhar. Então, todo dia era muito sacrifício ter que acordar, eu me irritava rapidamente. Com essa irritabilidade, qualquer coisa fazia com que eu estourasse”, conta. A depressão pós-parto costuma ser relacionada ao desequilíbrio hormonal causado em mulheres no puerpério, mas especialistas vem notando que é uma conjunção de fatores que pode afetar os pais. As características são semelhantes a quadros depressivos, com alterações de humor, sono, apetite, sensação de impotência, culpa e fadiga.

Durante a gravidez, os homens também sofrem variações de hormônios importantes, como a testosterona e o cortisol. Segundo o psiquiatra especialista em atendimento no pós-parto, Fábio José Pereira, é mais difícil identificar o quadro em homens. Diferente da mulher, que os sintomas vêm de uma maneira mais rápida, em questão de dias, no homem é ao longo de meses. Então você diferenciar o que é do normal dele e o que é patológico dele é mais complicado. Normalmente precisa ter um conjunto dos sintomas acontecendo por um período de tempo, no mínimo, de duas a quatro semanas”, explica. Cerca de 5% da população masculina é diagnosticada com depressão anualmente, índice que pode chegar a até 25% entre homens que viraram pais recentemente. Pais com esse quadro podem conversar com o médico que acompanha a gestão e devem buscar ajuda de psiquiatras ou psicólogos. Essa tem sido a solução para o Rafael. “Só o fato de você verbalizar, você consegue ouvir o que está falando e fica mais fácil identificar que está com problemas”, afirma. Os especialistas ressaltam que ambientes domésticos com um dos pais em depressão podem desencadear distúrbios nas crianças. Por isso, procurar ajuda é fundamental.

*Com informações da repórter Nanny Cox

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