O pastor evangélico que compôs uma música que associa orixás à violência nas periferias, foi denúnciado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), por supostamente cometer intolerância religiosa.
Lideranças religiosas de matriz africana e povos de axé se sentiram ofendidos e assionaram o MP. Intitulada “Pra Trás da Cruz”, a música é do pastor Irmão Júlio e o clipe simula uma guerra de tráfico e violência armada em uma comunidade da capital baiana.
Além dos nomes de bairros Salvador, a letra da música cita os orixás em contraponto à presença da religião cristã e do neopentecostalismo na Bahia.
“Dizem que a Bahia é de todos os santos, mas não é verdade, ela é do Espírito Santo”; “Não tem Oxumaré e nem Exu Caveira, meu Deus manda em São Tomé e também lá na Engomadeira. Pra trás da cruz, eu profetizo que a Bahia é de Jesus”, são alguns dos trechos da música.
O caso foi registrado em delegacia que investiga o crime de racismo religioso. O pastor gravou um vídeo em que diz que “não tem nada contra” os povos de matrizes africanas.
No vídeo gravado posteriormente, ele não pede desculpas à comunidade religiosa, e alega que a ofensa não foi intencional.
“Eu sou o compositor, eu produzi o clipe, e assumo toda a responsabilidade. Quero deixar bem claro ao pessoal de matriz africana, que eu não tenho nada contra eles e, jamais, a minha intenção foi de atingir o pessoal de matriz africana”, diz ele no vídeo.
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