A foto de Jair Bolsonaro, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia em pronunciamento juntos em defesa do teto de gastos até funcionou para distensionar o ambiente, mas a fala brevíssima e protocolar do presidente da República — tal qual a nota das redes sociais pela manhã — é insuficiente para encerrar de vez o assunto e decretar a vitória da agenda fiscalista do Ministério da Economia.
Uma cena ilustrativa disso se deu logo após terem se encerrado os pronunciamentos. O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes, dirigiu-se a Guedes no áudio acidentalmente captado pelos microfones e questionou: “Paulo, missão cumprida, né?”.
A pergunta evidencia o objetivo da reunião: depois do torpedo de Guedes na noite anterior, que explicitou o racha interno no governo, era necessário um movimento simbólico para mostrar a harmonia entre os poderes e o respaldo à agenda do chefe da equipe econômica.
O ministro da Economia venceu uma batalha que lhe dará fôlego em um momento importante, já que estamos nas semanas que antecedem o envio da proposta do Orçamento no final de agosto. Mas a briga está longe de ter chegado ao fim.
O “adversário” continua em campo — difícil supor que Rogério Marinho, Tarcísio Gomes de Freitas e companhia tenham desistido da missão de angariar mais recursos por conta das conversas de hoje.
Um dos grandes terrenos de disputa será a Comissão Mista de Orçamento, onde o texto — e os gastos — do governo passam por alterações importantes e podem transformar as contas iniciais do governo. Já lembramos aqui da boa relação dessa ala da Esplanada com o Congresso e não custa reforçar que ela será exercida assim que deputados e senadores tiverem com o texto do orçamento nas mãos.
O ato de hoje garantiu que o debate sobre o teto de gastos está ganho por Paulo Guedes até o fim de agosto. A rediscussão do tema, no entanto, volta em setembro.
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