Ao menos um dos fenômenos tem sido registrado em várias partes do país. Mas qual a relação entre eles? Quais regiões são mais atingidas? Jacaré é visto morto depois de incêndio no Pantanal em Poconé (MT), no dia 31 de agosto.
Amanda Perobelli/Reuters
Queimadas, tempo seco, má qualidade no ar e temperaturas altas: várias regiões do Brasil têm sofrido com ao menos um desses problemas nos últimos dias. Mas como eles estão relacionados? Veja abaixo:
Queimadas
As queimadas vêm atingindo, principalmente, dois dos biomas brasileiros: a Amazônia e o Pantanal.
Só no Pantanal, onde equipes combatem as chamas há mais de um mês, especialistas calculam que ao menos 12% do ecossistema tenha sido destruído (veja vídeo).
André Trigueiro: ‘12% do bioma do Pantanal já viraram cinza’
Além da destruição do bioma, os incêndios já feriram ou causaram a morte de vários animais, como os listados abaixo:
Anta morre com queimaduras graves após floresta ser destruída pelo fogo em Mato Grosso
Anta resgatada no Pantanal morreu com queimaduras graves
Polícia Militar
Onça-pintada é resgatada do Pantanal de Mato Grosso com queimaduras e transferida de helicóptero a hospital veterinário
Onça-pintada teve as quatro patas queimadas
Corpo de Bombeiros
Jaguatirica morre após ter as 4 patas queimadas em incêndio às margens de rio no Pantanal de MT
Jaguatirica morre após ter as patas queimadas em incêndio às margens de rio no Pantanal de Mato Grosso
Sema/MT
Mais de 100 animais silvestres foram resgatados no período das queimadas em MT
Guia de turismo passa por búfalo morto em meio a área queimada enquanto procura sinais de um jaguar machucado no Pantanal de Mato Grosso, no dia 13 de setembro.
Mauro Pimentel/AFP
Cobra é vista morta depois de incêndio no Pantanal em Poconé (MT), no dia 31 de agosto.
Amanda Perobelli/Reuters
No combate às chamas, ao menos um brigadista morreu: Welington Fernando, de 41 anos. Ele trabalhava como servidor do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio) e teve 80% do corpo queimado enquanto tentava salvar animais de um incêndio em Chapadão do Céu, sudoeste de Goiás.
Ar poluído e chuva ‘preta’
Vista da Ponte Estaiada, no Jardim das Américas, em Curitiba
Arquivo pessoal/André Cardoso
A fumaça das queimadas também contribuiu para a poluição do ar em várias partes do país e pôde ser vista, por exemplo, em Curitiba, segundo a Somar Meteorologia, a mais mil quilômetros dos focos de incêndio no Pantanal.
Vista do bairro Cabral, em Curitiba, com o céu tomado por fumaça
Arquivo pessoal/Sérgio Maluf
No Rio Grande do Sul, moradores coletaram água de chuva “preta” depois que a fumaça das queimadas, que já haviam atingido Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegaram ao sul do país.
“Quando tem muita fumaça, ela proporciona essa chuva escura. Os aerossóis, como a fuligem de fumaça, servem como núcleos de condensação para as nuvens de chuva”, explicou Catia Valente, da Somar Meteorologia.
Moradores coletam água da chuva turva em cidades do RS.
Ivete de David/Arquivo pessoal
Tempo seco
Fogo é visto perto do rio Cuiabá, em Poconé, Mato Grosso, no dia 28 de agosto.
Amanda Perobelli/Reuters
O tempo seco contribui para o alastramento das queimadas. Neste ano, o Pantanal enfrenta uma estiagem recorde: é o maior período de seca em 47 anos. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já apontavam que o La Niña, fenômeno cuja principal característica é o resfriamento do Atlântico, poderia causar uma seca histórica no bioma.
Com menor área inundada na planície pantaneira, há mais área para servir de “combustível” para o fogo. O vento também agrava o espalhamento dos incêndios.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem alertas de baixa umidade, com perigo de incêndio e riscos à saúde, nos seguintes estados e regiões:
Mato Grosso
Tocantins
Goiás
Distrito Federal
Quase todo o estado de São Paulo (exceto o litoral)
Sudeste e sudoeste do Pará
Norte de Mato Grosso do Sul
Oeste, sul e norte de Minas Gerais
Sudoeste, norte e oeste da Bahia, além da Chapada Diamantina
Centro-norte, sudeste e sudoeste do Piauí
Sertão, sul, Cariri, centrossul e Jaguaribe do Ceará
Sertão da Paraíba
Oeste, leste, sul e centro do Maranhão
Sertão de Pajeú e do Araripe de Pernambuco e São Francisco pernambucano
Centro e oeste do Rio Grande do Norte.
Segundo o Inmet, a umidade relativa do ar deve variar de 12% a 20% nesses locais.
Homem tenta apagar fogo no Pantanal em Poconé (MT), no dia 28 de agosto.
Amanda Perobelli/Reuters
Por causa dos baixos índices, o instituto pede que as pessoas bebam bastante líquido, mantenham a pele hidratada, evitem exposição ao sol nas horas mais quentes do dia, hidratem a pele e mantenham o ambiente umidificado. Atividades físicas não são recomendadas.
A ocorrência do La Niña contribui para o tempo seco no Sul do país, enquanto torna as chuvas mais frequentes no Norte e Nordeste.
Temperaturas altas
Movimentação na região do Alto de Pinheiros em São Paulo (SP), neste sábado (12). Termômetros no local registram 34ºC.
RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Além do tempo seco, temperaturas acima da média têm sido vistas em várias partes do país.
Cuiabá bateu o recorde de calor em mais de 100 anos, registrando 42,7ºC no domingo (13). A capital mato-grossense também teve umidade do ar baixíssima: 7%.
No sábado (12), São Paulo registrou a tarde mais quente do ano, com 34,1ºC, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). A máxima superou os 33,7ºC registrados no dia 1º de janeiro. A temperatura está muito elevada para a época: segundo o CGE, a média das máximas para setembro é de 25,6ºC.
Paulistanos aproveitam sábado de sol para fazer atividade física na região do Alto de Pinheiros em São Paulo (SP)
RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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