Você já deve ter visto os anúncios na internet prometendo que dá para ficar rico na bolsa da noite para o dia. “Ganhe R$ 15 mil numa semana”. Outro promete R$ 5 mil por dia, enquanto um terceiro, mais arrojado, assegura logo R$ 1 milhão por mês. Em geral, esses anúncios estão ligados à prática do day trade. No mercado financeiro, investidores, a grosso modo, podem ser colocados em dois grupos: aqueles que investem no curto prazo ou no longo prazo. No grupo do longo prazo – anos, décadas– estão não só os chamados investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, assim como muitas pessoas que investem para a aposentadoria. Mas existem também aquelas pessoas que apostam no curto ou mesmo no curtíssimo prazo. Entre estes últimos, estão os do day traders, que apostam no ganho rápido e certeiro negociando no mesmo dia de ações, minicontratos de dólar, criptomoedas, o que for, seja na compra ou na venda.
Em julho, a influencer Gabriela Pugliesi revelou ser fã da prática, causando polêmica nas redes sociais ao postar que estava ganhando dinheiro com day trades. Foi alvo da crítica de vários operadores do mercado financeiro sobre os riscos da operação. Mas a pergunta ficou no ar: dá para viver de day trade, como prometem as propagandas e também Pugliesi? Um trabalho de dois economistas, produzido em 2019 para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), atesta que não. Os pesquisadores Fernando Chague e Bruno Giovannetti monitoraram quase 20 mil investidores durante cinco anos, de 2012 a 2017. Descobriram que 9 em cada 10 day traders ficavam no prejuízo. Juntos, eles perderam um total de R$ 68,4 milhões, reais. Uma média de R$ 35,90 diários – considerando só as taxas da B3, sem contar as cobradas pelas corretoras.
Menos de 8% resistiram aos day trades depois de 300 pregões. Isso não impede os investidores que praticam day trade e supostamente ganham dinheiro de continuarem a mostrar seus extratos na internet prometendo fórmulas miraculosas de investimento. Nem que algumas dessas histórias não sejam verdadeiras. Mas o estudo da FGV é implacável. Existe uma chance muito maior de perder. E mesmo entre os ganhadores, para a maioria, não passou de sorte.
*Samy Dana é economista e comentarista na Jovem Pan.
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