Segundo a secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Sandra Terena, o estopim da sua exoneração, feita na tarde desta segunda-feira, 21, a pedido da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, foi um encontro conservador promovido pelo seu marido, o blogueiro Oswaldo Eustáquio, na residência do casal. Eustáquio chegou a ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a investigação sobre o financiamento de atos antidemocráticos. Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan , Sandra contou que foi chamada no escritório de Damares na última segunda-feira, 14, onde a ministra estava acompanhada de dois assessores.
“Ela pediu que eu ficasse até um pouco mais tarde, porque estou indo fazer o trabalho presencial. Ela disse que queria conversar comigo e também com o meu esposo, e que a conversa não seria agradável, que nossa secretaria era uma das melhores, que meu trabalho é muito bom, mas que teria que me exonerar por causa do meu marido”, disse. Segundo Sandra, o combinado foi que sua saída acontecesse dentro de alguns dias, mas nesta manhã ela “foi surpreendida” pela mídia de que seria exonerada.
A secretária argumentou que outras pessoas estavam presentes no encontro, como o Secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim. “Era uma oportunidade de contar para todas as pessoas que estivessem em casa um pouco sobre nossos trabalhos à frente da secretaria”, disse Sandra, complementando que, na sua gestão, houve um novo enfoque também para outros públicos, como indígenas e ciganos. “Respeito a decisão dela e é importante destacar que não se trata do fato de que fui incompetente ou deixei de fazer algo do meu trabalho. Saio de cabeça erguida”, afirmou.
Atos antidemocráticos
A Polícia Federal vê indícios do envolvimento de Eustáquio na promoção de manifestações, tanto em mídias sociais, quanto fisicamente, em movimentos de rua, para “impulsionar o extremismo do discurso de polarização e antagonismo, por meios ilegais, a Poderes da República (Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional)’. “Ele se inclui tanto no núcleo produtor de conteúdo, como se relaciona com os operadores de pautas ofensivas ao Estado Democrático de Direito”, sustenta a PF. O blogueiro foi detido no mesmo inquérito que levou à prisão a extremista Sara Giromini, solta após dez dias de prisão provisória.
Sobre este inquérito, Sandra esclareceu que “não tem nenhuma relação com isso” e que, quando o marido foi preso, ela também foi levada, mas como representante do governo federal. “No meu entendimento estou sendo exonerada por ser casada com uma pessoa que defende o presidente. Me doei de corpo e alma, nem sequer tirei férias nesse período, quando eu visto a camisa é para valer”, disse. Sobre os comentários de que estaria saindo por uma estratégia do governo federal de se desvincular de pessoas extremistas, Sandra falou que não acredita que tenha sido por isso. “Estou longe de ser uma pessoa extremista, sou muito moderada”, finalizou.
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