O sistema de saúde de alguns lugares da Argentina está à beira de um colapso devido a pandemia do novo coronavírus, particularmente nas províncias com menor capacidade hospitalar. A pressão no setor hospitalar acontece enquanto o debate sobre estratégia de saúde está crescendo no contexto de uma das quarentenas mais longas do mundo, e os médicos estão apelando para uma maior consciência social entre a população. O presidente do país, Alberto Fernández, advertiu que poderia apertar o “botão vermelho” e voltar a uma fase de endurecimento das medidas de contenção, a fase 1, se a situação piorar.
“O mais importante para mim é que as pessoas tenham a possibilidade de serem tratadas em um hospital, se ficarem doentes. E há muitos lugares onde o uso de leitos de terapia intensiva cresceu significativamente. Não vou permitir que essa situação chegue a um ponto de colapso”, declarou Fernández em entrevista à emissora argentina ‘Todo Noticias’. O risco de colapso do sistema de saúde tornou-se a principal ameaça à medida que a curva de infecção da Argentina aumentava constantemente após mais de cinco meses de medidas de restrição para impedir a circulação do vírus. Porém, recentemente as pessoas voltaram às ruas, e as atividades produtivas, após terem sido paralisadas no final de março, recuperaram-se em cerca de 90%.
Argentina registrou até agora 439.172 casos de coronavírus e 9.155 mortes por Covid-19, enquanto 322.461 foram recuperados da infecção. A região metropolitana de Buenos Aires (Amba), que inclui a capital e sua periferia populosa, com cerca de 14 milhões de habitantes, continua sendo o epicentro da pandemia com cerca de 84% do contágios. No entanto, nas últimas semanas o vírus se espalhou rapidamente pelo país, e 18 dos 24 distritos registram agora transmissão comunitária sustentada. Vários deles tiveram um regime de distanciamento social mais frouxo devido à ausência de casos, e seus sistemas de saúde passaram a estar em alerta devido ao risco de transbordamento.
Sistema de saúde, e médicos, próximo do colapso
A ocupação de leitos de terapia intensiva para todos os tipos de patologia atingiu 61,1% nacionalmente e 68,8% na Amba, mas já entrou em colapso nas cidades de Cipolletti e General Roca, na província de Río Negro, e atingiu 90% em Mendoza e Jujuy, como confirmaram as autoridades sanitárias nacionais. A saturação do sistema de saúde também está registrada no centro da cidade de Buenos Aires. O renomado Hospital de Clínicas tem 70 de seus 72 leitos de UTI ocupados, segundo informações passadas hoje pelo diretor do centro médico, Marcelo Melo, em entrevista à ‘Radio Mitre’. A Sociedade Argentina de Terapia Intensiva emitiu um comunicado no qual advertia seus membros que sentem que estão perdendo a batalha e que os recursos para salvar pacientes com coronavírus estão se esgotando.
*Com Agência EFE
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