SÃO PAULO – O clima de incerteza dos últimos dias deve seguir marcando as bolsas na próxima semana conforme as ações de empresas de tecnologia se mantêm em uma “montanha-russa”, e desta vez o calendário de indicadores deve elevar a volatilidade do mercado.
Para os dias que se seguem, os principais bancos centrais do mundo irão divulgar suas decisões de política monetária, com direito a uma “Super Quarta” para os brasileiros com o Comitê de Política Monetária (Copom) e Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
Às 15h (horário de Brasília) de quarta-feira (16), o Federal Reserve (como é conhecido o BC dos Estados Unidos) apresenta sua decisão do Fomc, que deve manter a taxa de juros americanas próximas de zero.
Na sequência, o presidente da instituição, Jerome Powell, discursa e deve trazer mais detalhes sobre a decisão. O Fed tem sinalizado uma abordagem mais flexível em relação à inflação, o que ajuda a reduzir a força do dólar ante demais moedas e também indica juros baixos por um período prolongado.
Mais tarde, por volta das 18h, será a vez do Copom apresentar a taxa de juros brasileira, com projeção também de manutenção pelo mercado, deixando a Selic em 2%. A atenção dos investidores ficará para o comunicado, que pode dar uma sinalização para o que esperar dos próximos encontros do BC.
Na decisão anterior, o BC disse que o “espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, e que o Copom não antevê reduções no grau de estímulo monetário.
A semana ainda contará com as decisões de política monetária do Bank of Japan e do Bank of England. Na última quinta o Banco Central Europeu (BCE) manteve os juros e ajudou a acentuar o fortalecimento do euro ao sinalizar que não agirá para conter os ganhos da moeda.
Agenda de indicadores
No Brasil, o calendário estará mais recheado, com atenção especial para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) na segunda-feira (14) após as surpresas positivas com produção industrial e vendas no varejo, que ajudaram a corroborar a projeção de melhora nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) na recente pesquisa Focus.
Números de inflação, como os IGPs e parciais do IPC-Fipe e IPC-S também ganham destaque diante do debate sobre o aumento de preços no País. Nesta semana, o governo zerou temporariamente a alíquota de importação do arroz e, segundo jornais, alta de outros preços, como soja e materiais de construção, também entraram na mira.
No campo corporativo, segue o movimento de aberturas de capital no País, com as construtoras Plano & Plano e Cury realizando suas precificações de ações para o IPO. A primeira ocorre no dia 15 e a segunda no dia 17.
No exterior a agenda é mais vazia, com atenção para dados de varejo e indústria tanto nos EUA quanto na China, além da pesquisa ZEW de expectativas na Alemanha.
Na política nacional, o relator da PEC do pacto federativo, senador Marcio Bittar (MDB-AC), pretende apresentar relatório incluindo o programa Renda Brasil na quarta-feira (16), segundo fontes da Bloomberg.
Sem confirmação por parte do governo, a agência de notícias aponta que o novo programa social do governo será submetido à regra do teto de gastos, segundo as fontes. Também na quarta, pode ser votado no Congresso o veto à desoneração fiscal.
Por fim, o risco da Covid-19, que o mercado havia deixado um pouco de lado apesar da pandemia não dar sinais de que está acabando, volta a preocupar mais.
Nos últimos dias a Europa voltou a registrar aumento de casos, ainda que não tenha revertido seu processo de reabertura dos negócios. O presidente francês Emmanuel Macron se reunirá com integrantes do governo para discutir como conter o aumento nas infecções por coronavírus sem colocar em risco a recuperação econômica. No Reino Unido, os casos estão aumentando entre jovens, e o governo austríaco acrescentou novas restrições.
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