A travesti Valéria Rodrigues foi casada por dez anos, mas o relacionamento chegou ao fim depois que o companheiro dela começou a agredi-la. Num dos episódios, ele bateu nela com uma panela de ferro; em outro momento, ele jogou um botijão de gás na direção dela. Nos últimos dois anos de casamento, Valéria registrou treze boletins de ocorrência contra o marido por violência doméstica. Valéria sabe como pode ser difícil ter um atendimento acolhedor das autoridades em momentos como esse. A partir de agora, todas as Delegacias de Defesa da Mulher – as DDMs – vão atender não apenas mulheres biológicas, mas também trans e travestis. A medida foi publicada no Diário Oficial nesta semana. A delegada Jamila Ferrari, que coordena as DDMs, explica que a mudança dá mais segurança para todas as mulheres que precisarem de atendimento.
Além de incluir trans e travestis, o decreto também determinou que as delegacias da mulher vão atender apenas crimes de violência doméstica e familiar. A delegada Jamila Ferrari diz que, antes desta mudança, qualquer delito que envolvesse mulheres era encaminhado para as DDMs, o que sobrecarregava o sistema. Segundo dados da Polícia Militar de São Paulo, o número de ocorrências de violência
doméstica cresceu quase quarenta e cinco por cento durante a pandemia. Já um levantamento da Associação Nacional dos Travestis e Transsexuais mostrou que oitenta e nove pessoas trans foram mortas no primeiro semestre deste ano. O número representa um aumento de quase quarenta por cento na comparação com o mesmo período do ano passado.
*Com informações da repórter Lívia Fernanda
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