A Volkswagen do Brasil assinou nesta quarta-feira (23) um acordo com o Ministério Público Federal em São Paulo, o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Procuradoria do Trabalho em São Bernardo do Campo, órgão do Ministério Público do Trabalho, para reparar suas ações como apoiadora da Ditadura Militar no Brasil. Segundo a empresa, R$ 16,8 milhões serão doados para a Associação dos Trabalhadores da Volkswagen a fim de indenizar funcionários que foram perseguidos, presos e, em alguns casos, torturados nas dependências da empresa durante o período.”Lamentamos as violações que ocorreram no passado. Estamos cientes de que é responsabilidade conjunta de todos os atores econômicos e da sociedade respeitar os direitos humanos e promover sua observância. Para a Volkswagen AG, é importante lidar com responsabilidade com esse capítulo negativo da história do Brasil e promover a transparência”, disse o membro do Conselho da Administração da Volkswagen AG por Integridade e Assuntos Jurídicos, Hiltrud Werner.
Além disso, o Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) prevê pagar R$ 9 milhões aos Fundos Federal e Estadual de Defesa e Reparação de Direitos Difusos (FDD) e R$ 4,5 milhões à Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, dos quais R$ 2,5 milhões serão destinados para o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) para apoiar a identificação das vítimas que estão enterradas em valas comuns e outros R$ 2 milhões serão direcionados ao desenvolvimento de novas pesquisas para apurar a cumplicidade de empresas em violações de direitos humanos durante o governo militar. A empresa também manifestou que doará mais R$ 10,5 milhões para projetos de promoção da memória e da verdade em relação às violações de direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura e outros R$ 6 milhões para o Memorial da Luta pela Justiça, iniciativa promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP) e pelo Centro de Prevenção da Memória Política (NPMP).
Montadora admitiu laços com a ditadura militar
Depois de ser apontada como parceira da ditadura militar brasileira em um relatório da Comissão da Verdade, divulgado em 2014, a Volkswagen divulgou em 2017 um mea culpa sobre sua atuação no período. Um relatório foi elaborado pelo professor e historiador Christopher Kopper onde a montadora reconheceu que houve cooperação dos funcionários de sua segurança interna com os militares e que se beneficiou economicamente de medidas, como o enfraquecimento dos benefícios trabalhistas. De acordo com Kopper, a colaboração começou em 1969 e se estendeu até 1979 tendo, inclusive, a empresa disponibilizado mediante uma consulta da polícia política, dados de 28 empregados da VW que eram investigados.
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