Voluntários pedem ajuda para conseguir caminhões-pipa para atender animais vítimas de incêndio no Pantanal de MT


Grupo alerta que animais estão morrendo de desidratação. Pontos de água ao longo da Transpantaneira já secaram. Voluntários que atuam no resgate e tratamento de animais vítimas de incêndios no Pantanal mato-grossense pedem ajuda para conseguir caminhões-pipas com água
SOS Pantanal
Voluntários que atuam no resgate e tratamento de animais vítimas de incêndios no Pantanal mato-grossense pedem ajuda para conseguir caminhões-pipa com água. Os poucos pontos de água que existem ao longo Rodovia Transpantaneira, que liga o município de Poconé, a 104 km de Cuiabá, a Porto Jofre, estão praticamente secos.
Fotos mostram antes e depois da Rodovia Transpantaneira ser atingida pelos incêndios no Pantanal de MT
Drone Cuiabá/Divulgação
O Pantanal passa pelo setembro com mais focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998: foram 5.603 focos de calor detectados em apenas 16 dias, contra 5.498 registrados no mês inteiro de setembro em 2007 – o recorde para o mês até este ano.
Um dos grupos de voluntários, o Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD), usa uma caminhonete com capacidade de mil litros.
Eles buscam água em poços artesianos de pousadas no Pantanal e abastecem alguns pontos de água e cochos instalados para os animais matarem a sede.
Caminhonete usada por grupo voluntário tem capacidade de transportar apenas mil litros de água para os animais no Pantanal
GRAD
Mesmo assim, a situação é grave e eles pedem ajuda para conseguir caminhões-pipa suficientes para abastecer a região.
“Os animais ficam na beirada [das estradas] esperando a gente chegar com a água. É uma situação extremamente crítica, estamos vendo os animais morrerem de desidratação”, informou o GRAD.
85% do principal refúgio das onças-pintadas foi queimado no Pantanal de MT
Além dos voluntários, grupos de ONGs também tentam conseguir os caminhões com entidades públicas e privadas.
Ainda não há um levantamento de quantos animais morreram nas queimadas.
O fogo já destruiu 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio das onças pintas-pintadas.
Com relação à área perdida para os incêndios, o Inpe apresenta os dados mensalmente: a última estimativa, contabilizada até 31 de agosto, apontava uma perda de 12% do bioma neste ano – foram 18,6 km².
Fogo é registrado por fotógrafo no quilômetro 40 da transpantaneira
Ernane Junior
Fotos feitas antes e depois das queimadas no Pantanal de Mato Grosso mostram a devastação no entorno da Rodovia Transpantaneira. Incêndios destroem o bioma há 3 meses, provocando alertas climáticos, a morte de animais e a retirada de indígenas de seus territórios.
Destruição
Dados do Prevfogo, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos incêndios florestais do Ibama, em 2020 mostram que a área queimada no Pantanal já passou de 2,3 milhões de hectares, sendo 1,2 milhão em Mato Grosso e mais de 1 milhão em Mato Grosso do Sul.
Essa área de mais de 2 milhões representa quase 10 vezes o tamanho das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro juntas
Onça-pintada que teve as patas queimadas foi resgatada no Pantanal de Mato Grosso no dia 11 de setembro de 2020
Ailton Lara
Nesta semana o governo decretou situação de emergência em Mato Grosso. O decreto irá valer por 90 dias, podendo ser prorrogado. O governo federal prometeu liberou nesta terça-feira (15) recursos para combate às chamas no estado e no Mato Grosso do Sul.
As queimadas aumentaram no Pantanal a partir de julho, quando a estiagem ficou ainda mais intensa. Os dias estão tão secos que o clima fica parecido ao de um deserto, com umidade abaixo dos 10%.
Porém, o clima não é o único problema – a polícia apura indícios de que queimadas criminosas ocorram na região para liberar as áreas para pastagem.
Initial plugin text

Compartilhe