Cientistas dizem que a imagem estável revela um pouco sobre a origem do Universo e desfaz a ideia de um início turbulento das galáxias. Galáxia SPT0418-47 aparece no céu como um anel de luz quase perfeito
ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), Rizzo et al.
Astrônomos europeus divulgaram nesta quarta-feira (12) na revista “Nature” a imagem da SPT0418-47, uma das mais distantes galáxias conhecidas do Universo. Em formato de um anel iluminado, o conjunto de estrelas está a mais de 12 bilhões de anos-luz de nós.
Isso significa que a imagem mostra a galáxia quando o Universo tinha “apenas” 1,4 bilhão de anos, ou seja, a foto dá uma ideia de como eram os primeiros bilhões de anos depois do Big Bang. Inclusive, dizem os pesquisadores, o registro de um anel de luz estável desfaz a noção de que as galáxias desse período eram todas turbulentas.
A imagem foi obtida por pesquisadores de instituições da Alemanha e da Holanda e divulgada pelo Observatório Europeu do Sul (ESO). Os cientistas utilizaram os recursos do observatório Alma (Atacama Large Millimiter Array), no Chile. Localizado a 5 mil metros de altitude, o equipamento astronômico foi inaugurado em 2013 como um dos maiores do mundo.
Observatório Alma, no Deserto do Atacama, aumentou capacidade de resolução do ‘telescópio virtual’.
Alma
Semelhanças com a Via Láctea
Segundo os pesquisadores, há duas grandes semelhanças da SPT0418-47 com a Via Láctea, galáxia que abriga a Terra: ambas são um disco que gira em torno do próprio eixo e formam uma aglomeração de estrelas ao redor do centro galático. A diferença é que a Via Láctea tem braços em espiral.
“O resultado representa uma novidade no campo da formação das galáxias ao mostrar que estruturas que observamos em galáxias espirais próximas e na nossa Via Láctea já existiam 12 bilhões de anos atrás”, comenta Francesca Rizzo, doutoranda no Instituto Max Planck de Astrofísica (Alemanha).
Ao estudar galáxias distantes como a SPT0418-47, pesquisadores entendem a formação e a evolução dessas estruturas desde a formação do Universo. Apesar das semelhanças com a Via Láctea, a SPT0418-47 pode ter se desenvolvido de outra forma.
Em estudos futuros, os pesquisadores vão desvendar se galáxias circulares como a SPT0418-47 são de fato comuns no Universo — o que abre caminho para novas pesquisas sobre a evolução dessas estruturas espaciais.
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