Trump diz que pode barrar diretrizes que aumentem o rigor nas pesquisas por vacina


Autoridade sanitária dos EUA teme que Casa Branca pressione a aprovação de uma vacina antes da hora para favorecer Trump nas eleições americanas. Presidente dos EUA, Donald Trump, durante coletiva de imprensa na Casa Branca nesta quarta (23)
Tom Brenner/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (23) que pode barrar qualquer nova diretriz de autoridades sanitárias americanas que endureça regras para a aprovação de vacinas contra o novo coronavírus.
Trump vem insistindo que uma vacina contra a Covid-19 estará pronta para distribuição antes das eleições presidenciais dos EUA, marcadas para 3 de novembro. Semana passada, o presidente e candidato à reeleição disse que todos os americanos deverão estar vacinados até abril de 2021.
Segundo reportagem do jornal “Washington Post”, a Administração de Alimentos e Drogas (FDA, na sigla em inglês) — principal autoridade sanitária dos EUA — incluiria novas diretrizes para melhorar a transparência e a confiabilidade da pesquisa em vacina. Autoridades temem que Trump esteja interferindo para aprovar um imunizante antes que todas as etapas sejam concluídas.
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O presidente vem questionando o tempo que a vacina demoraria para ficar pronta. Ele disse que uma decisão da FDA para aumentar o rigor nas pesquisas seria uma jogada política, com base na eleição.
“Isso precisaria ser aprovado pela Casa Branca, e podemos ou não aprovar”, disse Trump em coletiva de imprensa nesta quarta.
“Parece uma jogada política. Quando você tem Pfizer, Johnson & Johnson, Moderna, essas grandes empresas, avançando nas vacinas — e eles fizeram testes e tudo mais —, eu me pergunto por que eles deveriam aumentar o tempo do processo”, acrescentou o presidente americano.
Uma placa na entrada da sede da Moderna, que está desenvolvendo uma das candidatas à vacina contra o coronavírus, em Cambridge, Massachusetts, EUA
Brian Snyder/Reuters
No entanto, poucas empresas esperam ter resultados definitivos antes das eleições. A Pfizer tem sido exceção, mas um novo parâmetro estabelecido pela FDA poderia alongar os prazos previstos pela fabricante. A Moderna Inc. disse que dificilmente terá dados suficientes em outubro.
A AstraZeneca, que testa uma candidata a vacina com a Universidade de Oxford, ainda aguarda a retomada dos testes nos EUA após a interrupção causada pela revisão do estado clínico de uma voluntária. Os pesquisadores concluíram que a doença desenvolvida pela participante não tem relação com a vacina e retomaram os testes em outros países, inclusive no Brasil, mas não nos EUA.
700 milhões de doses até abril
Na cidade de Washington DC, bandeiras foram colocadas em um campo para lembrar as 200 mil vítimas da Covid-19
Joshua Roberts/Reuters
Em audiência no Senado, o chefe dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Robert Redfield, disse que espera ter cerca de 700 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 disponíveis no país até abril.
Seria o suficiente para imunizar mais de 300 milhões de americanos, mas só em julho o país inteiro estaria vacinado.
“Acho que levaria abril, maio, junho, possivelmente julho, para ter todo o público americano completamente vacinado”, disse Redfield.
Vacina
Reprodução/GloboNews
A declaração do chefe dos CDC segue, com um pouco mais de cautela, a mesma linha seguida Trump, que disse na semana passada que os EUA terão doses suficientes de vacina contra a Covid a todos os americanos até abril.
Os EUA registram mais de 200 mil mortes por Covid-19 e, com isso, são o país mais afetado em números absolutos pela pandemia.
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