Ciclista perde braço após ser atropelada por ônibus em BH: ‘Falta consciência no trânsito’

Luíza Pinheiro pedalava de volta do trabalho e diz ter sido empurrada por um pedestre. Ela caiu na pista de ônibus e foi atropelada.

A ciclista Luíza Pinheiro, de 42 anos, hoje se recupera em casa após passar por uma cirurgia para amputar o braço esquerdo. Ela disse que foi empurrada por um pedestre enquanto pedalava. Ela acabou caindo na pista dos ônibus e foi atropelada por um deles.

Luíza voltava do trabalho, na noite de quinta-feira (20), na avenida Paraná, no Centro de Belo Horizonte. Enquanto seguia na ciclovia central, percebeu que havia muitos pedestres andando no local destinado às bicicletas. Ela então acendeu as luzes da bike para conseguir passar.

“Todos até saíram da frente, para eu passar com a bike, mas tinha um homem que não saiu. Quando passei, senti um empurrão e caí na pista do Move”, relembra. Move são ônibus que fazem parte do sistema de transporte rápido da cidade.

Luíza foi socorrida pelo Samu com ferimentos graves, e encaminhada ao Hospital de Pronto Socorro João XXIII. Ela ficou internada em uma Unidade de Terapia Intensiva e o braço esquerdo precisou ser amputado.

Segundo a Polícia Militar, pedestres seguraram o suspeito no local até que uma viatura chegasse. O homem, de 59 anos, relatou aos policiais que tentava passar, mas que sua mochila ficou presa à vítima.

O suspeito não foi preso e a Polícia Civil apura as circunstâncias do acidente.

Prótese
A ciclista pedala há pelo menos quatro anos, e há dois decidiu fazer da bike seu veículo diário de trabalho.

“É importante que os pedestres tenham consciência para entender que ciclovias são para ciclistas, não pedestres”, falou.
Luíza disse ainda que faz planos para comprar uma prótese que se enquadre a sua rotina com a bike.

“Já cheguei a olhar algumas peças que me atendam, que me permitam continuar andando de bicicleta”, contou.
Violência contra ciclistas
O triatleta e organizador do Bloco da Bicicletinha, Túlio Castanheira, disse que a falta consciência no trânsito e a vida do ciclista está exposta ao risco diário.

“Eu acredito que a responsabilidade está distribuída entre a população e o poder público. As pessoas não são educadas no trânsito. Isso deveria vir, basicamente, de uma boa convivência de civilidade”, falou.

Segundo dados do Samu, só nos três primeiros meses deste ano foram 351 atendimentos a ciclistas em Belo Horizonte. Esses atendimentos incluem, além de atropelamentos, quedas e outros tipos de acidentes. Já o Corpo de Bombeiros informou que já atendeu nove vítimas de acidentes entre ônibus e bicicleta, no mesmo período.

“É uma falta de cuidado muito grande. A lei prevê que os veículos maiores cuidem dos menores, mas não vemos aplicação da lei. O espaço do ciclista não é respeitado por ninguém”, acrescenta o ciclista.
Nesta segunda-feira, um idoso de 65 anos foi atropelado enquanto andava de bicicleta na BR-040, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Outros casos recentes
Em maio, Thiago Barbosa Bento, de 33, foi atropelado na MGC-356, em Belo Horizonte. O suspeito do atropelamento é o jovem inabilitado Antonio Augusto Bembem da Silva, de 21 anos. Ele foi preso preventivamente.

Em abril, o ciclista Eduardo Lobato, de 41 anos, morreu atropelado na BR-040, em Nova Lima, por motorista com suspeita de embriaguez.

Em fevereiro, um ciclista de 42 anos perdeu parte da perna esquerda. Ele foi atropelado na Avenida Cristiano Machado, na altura do bairro Floramar, na Região Norte de Belo Horizonte. Segundo a polícia, o motorista estava embriagado.

 

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