O presidente do Líbano, Michel Aoun, afirmou nesta terça-feira, 18, em entrevista para a imprensa italiana, que o partido libanês Hezbollah não tinha um depósito de armas no porto onde ocorreu a explosão do último dia 4, que causou a morte de pelo menos 180 pessoas e deixou mais de 5 mil feridos. Ele observou que “embora pareça que foi um acidente”, todos os rastros, incluindo o do depósito do Hezbollah, serão investigados, como, por exemplo, “muitas testemunhas dizem que viram ou ouviram aviões voando antes da explosão”, disse em entrevista publicada hoje pelo jornal italiano “Corriere della Sera”.
Sobre a possibilidade de deixar o cargo, com vem sendo solicitado nas manifestações, ele frisou que não está “entre as suas prerrogativas”, que “talvez dentro de um ano ou seis meses, pois o Parlamento deve ser dissolvido e decidir”. Além disso, ele acrescentou que há muito tempo propôs “um programa de renovação total da Constituição e da lei eleitoral”, mas que para que isso aconteça “tem de ser feito aos poucos” e convidou os manifestantes “a se acalmarem primeiro”. “Não podemos trabalhar sob pressão, é preciso apaziguar a raiva. Não vou sair, não posso criar um vácuo institucional. Vou trabalhar para um novo governo que levará a novas eleições dentro de algum tempo”, reiterou.
O presidente enfatizou que suas declarações sobre fazer a paz com Israel foram citadas de forma errada, já que “muitos problemas entre nós e Israel devem ser resolvidos primeiro”. E confirmou ao jornal italiano o seu repúdio a uma comissão internacional de inquérito sobre o ocorrido: “a Constituição prevê que o nosso sistema judicial investigue os problemas internos. Isso não exclui investigadores franceses, americanos e outros que já ajudam nossa polícia”. Em relação à sentença sobre o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, o presidente indicou que respeitará a decisão, mas especificou que “15 anos se passaram desde o assassinato e a Justiça após um período tão longo não é mais Justiça.”
BUSCAS POR DESAPARECIDOS SEGUEM EM BEIRUTE
As equipes de resgate continuam a busca por pessoas desaparecidas no porto de Beirute duas semanas após a explosão que devastou grande parte da capital libanesa, enquanto as forças de segurança pedem a colaboração das famílias na coleta de amostras de DNA para identificar os corpos encontrados.
O chefe de comunicação do corpo de bombeiros de Beirute, Ali Najm, disse hoje à Agência Efe que “as operações de resgate continuam com o objetivo de encontrar as pessoas desaparecidas”, embora estejam sendo feitas “lentamente” para preservar os restos mortais dos corpos, que são sagrados”. Cerca de 30 pessoas estão desaparecidas, segundo dados divulgados pelo Exército libanês, que assumiu o comando do porto de Beirute durante o estado de emergência na cidade.
*Com EFE
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