Das 678 mortes de indígenas registradas até agora no Brasil, pelo menos 170 são de anciãos. Aritana Yawalapiti, de 71 anos, morreu internado com Covid-19
Antônio Carlos Banavita
‘Perder um ancião é a mesma coisa que queimar um livro’. É assim que a Federação dos Povos Indígenas compara as mortes de lideranças por Covid-19 em Mato Grosso e no Brasil.
Um deles, Aritana Yawalapiti, era cacique do povo yawalapiti e um dos últimos falantes do idioma tradicional da etnia, que vive no Parque do Xingu, em Mato Grosso.
Ele pegou Covid-19 e morreu no começo deste mês.
Pelo menos 170 anciãos indígenas já morreram de Covid-19
“Um grande guardião da cultura de xinguana, da floresta amazônica. E eu tenho certeza que muitos povos indígenas sentem a mesma coisa. Nós estamos órfãos”, declarou Darlene Taukane, mestre em educação indígena.
Em todo Brasil, mais de 25 mil indígenas foram infectados pelo novo coronavírus, de acordo com o levantamento mais recente da articulação dos povos indígenas do Brasil.
Das 678 mortes de indígenas registradas até agora, pelo menos 170 são de anciãos.
São geralmente os guardiões da sabedoria de cada povo, responsáveis por transmitir a cultura e os costumes para os mais novos.
A Funai afirma que existem 305 povos indígenas no Brasil que falam 274 línguas.
Organizações de apoio aos povos tradicionais pedem apoio para que o coronavírus não coloque em risco a história e a cultura das tribos.
“Perder um ancião é o mesmo que fechar um livro. Ou mesmo queimar um livro. A sabedoria deles, vai com eles. Embora eles repassem, mas não é a mesma coisa. Então eles têm uma importância fundamental, são pilares da cultura indígena”, disse Eliane Xunakalo, assessora da federação povos e organizações indígenas de Mato Grosso.
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