O suspeito disse que iram difamar a companheira caso não cedesse o patrimônio dela. Ele chegou a divulgar documentos sigilosos de clientes da vítima
O empresário Pedro Bettim Jacobi, 40 anos, foi preso nesta terça-feira (5/12) pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), após violar medida protetiva em relação à ex mulher. Com o descumprimento, a polícia emitiu um mandado de prisão preventiva e foi até a casa do suspeito, em Brazlândia. Ele tentou fugir, chegando a pegar o carro e acessar a BR-080, em alta velocidade, mas foi pego pelos agentes. Na residência também foi cumprida uma ordem judicial de busca, que apreendeu documentos, computadores, celulares, HDs e três armas de fogo.
Em julho, a vítima, a advogada Renata Gerusa Prado Araújo, procurou 3; DP (Cruzeiro Velho), onde foi instaurado um inquérito policial por violência doméstica. À época, além de ser enquadrado pela Lei Maria da Penha, Pedro foi indiciado por extorsão, furto, estelionato, apropriação indébita, além de difamação e calúnia. De acordo com as investigações, o casal começou a se relacionar no ano passado e chegou a oficializar o relacionamento em cartório, mas os dois se separaram pouco tempo depois, por conta das ameaças.
Renata defende, inclusive, clientes envolvidos no âmbito da Operação Lava-Jato. A suspeita é de que Pedro tenha iniciado o relacionamento já com a intenção de obter vantagens ilícitas da mulher. “O investigado queria a transferência do patrimônio dela para ele em troca de não prejudicar a imagem profissional da vítima. Ela relatou que, além dos roubos que extrapolaram os R$ 800 mil, ao longo do relacionamento dos dois, o suspeito foi subtraindo documentos sigilosos de clientes dela e, posteriormente, veio a usá-los como chantagem”, relatou a delegada chefe da Deam, Sandra Gomes.
Um desses conteúdos sigilosos chegou a ser veiculado na revista Veja, em setembro deste ano, revelando indícios de que a empresa JBS tentou influenciar decisões do Poder Judiciário. Os documentos foram entregues por Pedro às autoridades de investigação. No diálogo, Renata e o diretor jurídico do Grupo J e delator Francisco Carlos de Assis mencionam tráfico de influência e supostos “pagamentos em espécie” a três ministros do Superior Tribunal de Justiça. São citados Napoleão Maia, Mauro Campbell e João Otávio Noronha, além de Gilmar Mendes.
Desde a instauração do primeiro inquérito, em julho, até o início de dezembro, o empresário conseguiu se esquivar da polícia, não se apresentado à delegacia para prestar depoimento. Mesmo diante de medidas protetivas para impedir a aproximação de Pedro à ex mulher, o suspeito não desistiu. “Ele continuou a praticar crimes, fazendo graves ameaças, chantagens, chegando a procurá-la nas mediações do trabalho dela. Percebemos que as ações estavam se tornando cada vez mais graves, sendo necessário tomar medidas mais duras”, concluiu a delegada.
Segundo as investigações, um vasto material apreendido na casa do empresário de fato pertenciam à advogada. Os documentos ainda passam por perícia. Pedro Jacobi vai fica no Centro de Detenção Provisória aguardando decisão judicial. A defesa do acusado não compareceu à Deam para acompanhar o deslocamento do preso.
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