As 5 novidades mais desejadas nos imóveis depois da chegada da pandemia

Arquitetura futuro

SÃO PAULO – A pandemia tem causado diversas transformações sociais que impactam o estilo de vida nas grandes cidades. A necessidade de isolamento mudou de forma drástica a relação das pessoas com o espaço físico ao seu redor.

Para manter o distanciamento, escritórios foram esvaziados e o trabalho remoto se tornou realidade no mundo empresarial. Pensar em novos modelos de ocupação dos espaços, dentro e fora de casa, ganhou força com a transição bem-sucedida do home office, sustentada pelo uso de tecnologias que permitem fazer reuniões, realizar tarefas e gerenciar equipes de forma online.

No futuro, a perspectiva é que muitos dos espaços corporativos sejam áreas de interação social entre os colaboradores, sendo utilizados também para promover a cultura da empresa.

Mesmo com a existência de uma vacina contra a Covid-19, o distanciamento conduzirá o trabalho nos escritórios, que terão móveis separados por placas de acrílico, com espaço reservado apenas para o computador e os objetos pessoais ficarão armazenados em armários. Algumas empresas, inclusive, já adotaram essas mudanças.

A saúde foi apontada por 62% dos brasileiros como a principal preocupação na vida pós-pandemia, segundo pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). O levantamento entrevistou cerca de 1.500 chefes de família, entre os dias 7 e 15 de julho, e identificou ainda que 67% das famílias darão mais atenção à saúde no futuro.

Essas transformações devem provocar grandes mudanças no mercado imobiliário, segundo Thomaz Assumpção, CEO da consultoria Urban Systems. A empresa – ao lado de outras duas consultorias de inteligência de mercado (Prospecta e Brain)-, desenvolveu a pesquisa PandeBuilding para entender as tendências do cenário pós-pandemia e como elas vão impactar novos projetos de edifícios, casas e espaços corporativos.

“Qualquer produto colocado à venda, seja um apartamento ou escritório, vai precisar atender as novas demandas que a pandemia trouxe. A qualidade do espaço, a distância e a permanência, tudo isso será colocado à prova porque as pessoas, a partir de agora, farão uma compra consciente, analisando todos esses fatores e priorizando a saúde”, avalia Assumpção.

Menos contato

De acordo com o levantamento, a tecnologia será a grande responsável por colocar em prática essas mudanças no futuro. Com as pessoas priorizando a higiene e segurança, os novos empreendimentos devem ter soluções que evitem ao máximo o toque em superfícies.

Prédios comerciais e residenciais devem investir em sistemas de sensores de iluminação e automatizar os processos para ativação de torneiras, secadores de mão, abertura de portas e outras funcionalidades diárias por meio de tecnologias de aproximação ou por comando de voz.

1) Elevadores com botões por aproximação

Entre as novas tecnologias aplicadas para as edificações no pós-pandemia, cerca de 50% dos entrevistados consideraram importante que os prédios tenham elevadores automatizados sem a necessidade de se tocar em botões.

2) Câmaras de desinfecção

As entradas das casas e portarias também serão reformuladas. Os totens de álcool em gel darão espaço para câmaras de higienização eficientes, destinadas à desinfecção de roupas, sapatos e compras. O equipamento, antes visto em filmes de ficção científica ou futuristas, foi considerado essencial para 38% das pessoas.

3) Cômodo de higienização dentro de casa

A pesquisa revelou ainda que 88% dos entrevistados começaram a higienizar as compras após a pandemia e 84% passaram a deixar os sapatos fora da residência antes de entrar. Esses novos hábitos geraram uma exigência inédita: a criação de uma área de higienização dentro do imóvel.

O desejo foi reportado por 69% dos entrevistados, que gostariam de ter o cômodo instalado na entrada social, na entrada de serviço ou em ambas as entradas. Para ter o novo espaço, cerca de 34% das pessoas responderam que diminuiriam a área de serviço.

4) Espaço delivery no condomínio

O aumento das compras online e do consumo via delivery são outras tendências aceleradas durante a pandemia que causarão alterações nas estruturas dos empreendimentos.

Novas áreas comuns devem ser criadas para que os moradores recebam suas entregas, respeitando o distanciamento social e os critérios de segurança. Na pesquisa, 22% dos entrevistados mencionaram que o desejo de ter um espaço para receber ou acomodar as entregas por delivery em seu edifício ou condomínio. O ambiente só perde em preferência para a academia, com 37%.

5) Elevador monta-cargas

Em algumas ocasiões, o comprador quer ter menos esforço e receber sua entrega sem precisar sair casa. A presença de um elevador monta-cargas no imóvel aparece entre os principais desejos do consumidor no pós-pandemia.  Para 21% das pessoas esse tipo de tecnologia é importante, sendo que cerca de 20% desejariam ter essa funcionalidade em sua moradia.

O elevador monta-cargas também auxiliaria na comunicação entre a portaria e os outros pavimentos do edifício e foi mais requerido do que áreas comuns, como salão de festa, piscina e sala de reunião. Para dar espaço aos elevadores, os consumidores aceitariam reduzir a área e os custos com o salão de festa (21%) e da quadra/campo (16%).

Apesar da mudança de comportamento já ser percebida, Assumpção reforça que ainda levará um tempo para essas demandas serem aplicadas no mercado de forma mais sólida.

“Essas soluções vão surgir no médio prazo, através de modelos de tentativa e erro, e dos resultados mais detalhados das pesquisas de comportamento, para que os investimentos sejam feitos com embasamento. Lajes corporativas e salas comerciais não vão desaparecer. Tanto esses espaços, quanto o local de trabalho dentro de casa, estão em um processo de busca por um formato ideal”, explica o executivo.

Prioridades

Em relação ao trabalho, a pesquisa identificou uma forte tendência de revezamento entre o trabalho no escritório com o home office pós-pandemia.

Essa flexibilização pode redesenhar a ocupação e a vida nas grandes metrópoles, pois, em busca de melhor qualidade de vida, as pessoas podem migrar para imóveis maiores em locais mais afastados dos centros urbanos.

De acordo com dados do Grupo ZAP, a busca por imóveis no interior, em cidades a 100 quilômetros ou menos de distância da capital, cresceu 480% no primeiro semestre. Em janeiro, a procura por esses imóveis era de 0,5%, mas subiu para 2,9% em junho.

Para Assumpção, da Urban Systems, a pandemia provocou diversas reflexões e apontou para alguns caminhos a serem seguidos, sendo a escolha da moradia um deles.

“Mesmo com a vacina, essa tendência se firmará porque as pessoas tiveram contato com uma nova forma de viver, em que qualidade de vida e tempo foram priorizados. Isso não vai ter volta. Ninguém quer mais passar horas em engarrafamentos e aglomerações. Nesse cenário, as cidades médias, que ficam a até uma hora de distância dos grandes pólos urbanos serão as mais atrativas, porque são economicamente viáveis e têm uma infraestrutura razoável para garantir uma boa qualidade de vida”, afirma.

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