‘Drogada, macumbeira’: ataques contra ex-mulher de empresário preso por atirar em suspeito de roubar relógio

João Henrique Marfim Stakowiak foi preso em flagrante na manhã de sexta-feira (27) porque suspeito já estava rendido por policial civil. Segundo denúncia do MP, ele também teria empurrado ex-mulher e cuidadora da filha.

Um vídeo gravado pela ex-companheira do empresário João Henrique Marfim Stakowiak, que foi preso em flagrante por atirar e chutar o rosto do suspeito de roubo que já estava rendido, mostra o momento em que ele ofende e chuta a perna da vítima. João Henrique Marfim Stakowiak virou réu nesta terça-feira (30) por violência doméstica.

Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público em 9 de agosto, o caso que envolve a ex-companheira aconteceu em dezembro de 2021. A vítima teve lesões corporais leves. Ela tinha ido até a casa do empresário, no Campo Belo, na Zona Sul da capital, junto com a cuidadora de sua filha para buscar a criança que visitava o pai.

Para evitar desentendimentos com o ex-marido, ela esperou a cuidadora que foi até a casa de Stakowiak buscar a criança. Em seguida, os avós paternos teriam começado a questionar sobre a vida da neta para a cuidadora. A mãe contestou.

Ainda segundo o MP, João Stakowiak ficou agressivo e começou a chamar a ex-companheira de “vaca”, “recalcada”, “filha da puta”, “drogada”, “bêbada”, “macumbeira”, “louca” e “drogada”, como mostra o vídeo.

João Henrique teria dado vários socos na porta e no espelho da entrada de casa. A ex-companheira estava filmando a discussão. Stakowiak teria dado um tapa na mão dela para derrubar o aparelho. Ele também teria segurado-a pelos braços e lhe dado um chute na perna.

A cuidadora também foi empurrada.

A defesa do empresário alegou que ainda não tomou ciência da denúncia de violência doméstica e, por isso, não irá se manifestar.

João Henrique foi preso em flagrante na manhã de sexta-feira (27), levado para o 27º Distrito Policial, no Campo Belo, e indiciado pelos crimes de tentativa de assassinato e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Outros inquéritos

Além do inquérito policial de dezembro de 2021, João Henrique Marfim Stakowiak também foi investigado por crime contra a relação de consumo, por vender produtos aos consumidores fora da data de validade. Em 23 de outubro de 2013, durante uma fiscalização em um restaurante em Pinheiros, foram encontrados no salão, na cozinha e no estoque produtos com a validade vencida ou sem identificação. Ele foi apontado como um dos donos e encaminhado à delegacia. Stakowiak foi preso em flagrante e pagou fiança.

Em 4 de abril deste ano, também foi registrado um boletim de ocorrência por ameaça por um farmacêutico contra o empresário. A vítima relatou aos policiais que tinha sido demitida do estabelecimento naquele dia e ameaçada de morte quando teria indagado o proprietário sobre regularizar uma documentação.

O empresário também foi envolvido em um inquérito pela Delegacia Fazendária por falsificação de documento particular.

João Henrique tem duas empresas no seu nome, sendo uma farmácia no Jardim Dom Bosco, Zona Sul da capital, e uma loja.

Atirou em suspeito rendido

Sobre o crime que levou Stakowiak à prisão, as câmeras registraram o momento em que o suspeito, cai perto de um poste, numa esquina. O policial civil aponta a arma para o bandido, que deixa cair a arma de brinquedo que carregava.

O policial contou que estava passando pelo local e havia abordado o criminoso depois de ser alertado por testemunhas de que ele tinha tentado assaltar um motorista com um carro de luxo dentro de um posto de combustíveis, ali próximo.

Em seguida, a câmera registra o momento em que o empresário que quase foi roubado pelo bandido aparece dirigindo seu Porsche. Ele para na esquina e sai do veículo com uma arma. Mesmo vendo o suspeito rendido, o empresário atira nele. A bala transfixou o ombro e parou no peito do homem.

Stakowiak se identificou como CAC, que é a sigla usada para quem é Caçador, Atirador desportivo e Colecionador de armas.

A arma do empresário, uma pistola Taurus 9 milímetros, foi apreendida pela Polícia Civil.

De acordo com o boletim de ocorrência do caso, João Henrique não agiu em legítima defesa. E pelo fato de ter dito que era CAC, ele não estava indo ou voltando de um clube de tiro naquela ocasião. Além disso, testemunhas contaram que ele atirou diversas vezes contra o suspeito quando o perseguia com seu Porsche, saindo do posto. E que os disparos atingiram imóveis próximos.

Após discutir com o policial, o empresário aparece voltando para perto do suspeito e chuta o rosto dele. Depois disso, o agente contou na delegacia que desarmou

Justiça decreta prisões preventivas

No sábado (27), o empresário passou por audiência de custódia na Justiça, que decretou a prisão preventiva dele. Ou seja, ficará detido por tempo indeterminado até seu eventual julgamento pelos crimes dos quais foi acusado.

A Justiça também decretou a prisão preventiva do criminoso, que foi identificado como Sidney Fernandes, de 40 anos. Ele já teve passagens criminais anteriores por outros crimes. Até a última atualização desta reportagem o homem permanecia internado no Hospital Saboya, no Jabaquara, Zona Sul. De acordo com o boletim de ocorrência ele estava detido com escolta da Polícia Militar (PM).

A Secretaria Municipal da Saúde informou que não poderia divulgar o estado de saúde dele.

“A vítima foi presa porque deixou de ser vítima porque fez justiçamento. Então, o ladrão foi autuado por crime de roubo e o empresário foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio”, afirmou o delegado Eduardo Luiz Ferreira.

Em seu interrogatório à polícia, o empresário alegou que atirou no criminoso em legítima defesa depois que ele tentou roubar seu relógio no posto e ameaçou matá-lo. O suspeito do roubo não foi ouvido porque permanecia internado no hospital.

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