Jornalistas tidos como intelectuais liberais fazem revolta social contra Bolsonaro

Um intelectual, sobretudo um intelectual jornalista, tem uma obrigação moral de se distanciar do poder. Uma utopia, claro. Porque bem se sabe que a mídia e a intelectualidade são poderes subliminares constituídos de um país. Que influem, constroem opiniões e percepção da realidade. E esta construção de percepção da realidade passa pela construção de um poder estatal efetivamente construído. Eis o ponto. Muitos dos jornalistas antipetistas que agora vociferam contra o governo Bolsonaro, na verdade, queriam ser parte da transformação sócio-política do país. Tomavam seu “uisquinho” com liberais moderados de alta plumagem e agora são rejeitados pelo poder. Fazem birra por exclusão social apenas. A aparição de Bolsonaro na cena pública – um homem simples, simplório, com lemas simples e claros, bons ou ruins – comunicou-se diretamente com a população para além da complicação por vezes travestida de complexidade pomposa entre jornalistas intelectuais liberais. E os confundiu. Sobretudo confundiu o projeto de poder que achavam que o poder de suas opiniões construiria.

A opinião é um poder. Um poder que constrói e derruba governos. Jornalistas popstars que combatiam – com mérito e razão – o lulopetismo imoral se sentiram desmoralizados pela ascensão ao poder de um sujeito a quem desprezavam – e que hoje os despreza. Mais: um intelectual jornalista quase nunca assume seu erro. Medo de perder o prestígio de sua opinião – o único poder que tem. Espiral do erro. Um erro de opinião empurra uma série de outros: o ódio a Bolsonaro – o homem que não toma seu “uisquinho” no apartamento de políticos plumosos liberais – se coloca como ódio à Lava Jato, ao combate à corrupção, que relativizam, sobretudo para louvar o absolutismo de seus amigos de uísque implicados em denúncias de corrupção. Entendam estes jornalistas. Não é sobretudo exatamente um embate intelectual contra um homem ou forma de governar. É também OU SOBRETUDO birra social. É não se sentir pertencente a uma ruptura de um poder para outro, é não poder tomar seu “uisquinho” com o poder que estes jornalistas adorariam endossar como fruto de suas louváveis e poderosíssimas opiniões.

Compartilhe