Menos de 10% da população mundial mostra ter anticorpos contra o coronavírus, diz OMS


Diretores da entidade afirmaram que o mundo ainda está longe da imunidade de rebanho. Maria van Kerkhove, líder técnica do programa de emergências da OMS
Christopher Black/OMS
A líder técnica do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, afirmou nesta terça-feira (18) que menos de 10% da população mundial mostra ter desenvolvido anticorpos contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
“Não quero generalizar demais, mas o que sabemos dos resultados disponíveis até agora é que menos de 10% da população mostra ter anticorpos para o Sars-CoV-2”, disse van Kerkhove.
A líder técnica explicou que esse número varia conforme a população estudada – por exemplo, pode ser maior entre profissionais de saúde ou em locais onde há alta circulação do vírus –, podendo chegar a 20% ou 25%.
“Isso significa que uma grande parte da população permanece suscetível”, frisou van Kerkhove.
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, reforçou que o mundo ainda está longe da imunidade de rebanho. O conceito normalmente é aplicado quando se fala nas taxas de vacinação neceessárias para que uma determinada doença pare de circular em uma população, mesmo que nem todos estejam vacinados (no caso do sarampo, por exemplo, essa taxa é de 95%).
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“Nós não sabemos onde está o nível de imunidade na população que, por si mesma, suprime a transmissão do vírus. Mas não há dúvidas, na minha cabeça, que estamos a um longo caminho disso”, afirmou Ryan.
Ryan também frisou que ainda não se sabe por quanto tempo as pessoas que já foram infectadas com o Sars-CoV-2 ficam imunes a ele, e, além disso, o papel exato da imunidade celular no combate à Covid-19 também é desconhecido.
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“Ainda há muito para ser discutido entre os cientistas, mas agora, enquanto planeta, não estamos nem um pouco perto dos níveis de imunidade necessários para parar de transmitir essa doença”, reforçou Ryan.
“Precisamos nos concentrar no que realmente podemos fazer para parar a transmissão, e não viver na esperança de que a imunidade de rebanho será a solução. Neste momento, não é uma solução, e não é uma que devemos buscar para a nossa salvação”, disse o diretor de emergências.
Vacina pode não garantir imunidade
O assessor sênior do diretor-geral da OMS, Bruce Aylward, lembrou ainda que uma futura vacina pode não garantir proteção em todos que a receberem.
“Estamos lidando com um vírus respiratório, então precisamos de uma imunidade de rebanho muito alta”, reforçou.
“Se nós chegarmos a 50% de taxa de imunização, chegamos lá? Não. Não podemos confundir a cobertura de vacinação com a proporção da população que está imune. Porque a vacina pode funcionar em 80%, 50%, 60% das pessoas”, lembrou Aylward.
“Então, você tem que multiplicar a cobertura vezes a eficácia para descobrir que proporção será realmente protegida. Se só chegarmos a 50% de cobertura, a proporção real que estará protegida será ainda mais baixa, o que significa que não estaremos nerm perto de onde precisaríamos para proteger populações em geral”, acrescentou o assessor.
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