PF pede à Justiça quebra de sigilo bancário de empresários ligados a ex-governador de MT por suposto caixa 2


O delegado da PF, André Monteiro da Silva, autor do pedido, cita a delação premiada do empresário Alan Malouf, que afirmou que o pagamento de parte dos restos a pagar do caixa 2 de Taques em 2014 teria sido operacionalizado por meio de cheques. Pedro Taques foi governador entre 2015 e 2018
Christiano Antonucci/ Secom-MT
A Polícia Federal ingressou com pedido à Justiça Eleitoral requerendo a quebra de sigilo bancário contra um grupo de pessoas ligadas à campanha do ex-governador Pedro Taques, em 2014, no dia 14 de setembro. O pedido foi encaminhado à 51ª Zona Eleitoral de Cuiabá, onde tramitam os processos de crimes comuns conexos a crimes eleitorais, com base no inquérito policial que apura possível ocorrência de caixa 2 durante a campanha.
A PF quer informações sobre as contas bancárias de três empresários e um ex-servidor da Assembleia Legislativa entre de dezembro de 2014 e 28 de fevereiro de 2015.
Pedro Taques nega caixa 2 na campanha de 2014 – veja a nota emitida por ele ao final da matéria.
O delegado da PF, André Monteiro da Silva, autor do pedido, cita a delação premiada do empresário Alan Malouf, que afirmou que o pagamento de parte dos restos a pagar do caixa 2 de Taques em 2014 teria sido operacionalizado por meio de cheques assinados por um dos empresários.
De acordo com o Malouf, Taques o teria procurado em março de 2014 pedindo apoio financeiro e ainda ajuda para captação de doações junto a empresários para a campanha daquele ano.
Após o final da campanha, o grupo teria se reunido em dezembro de 2014 para discutir meios de pagar uma dívida de caixa 2, que teria outros valores além dos devidos às produtoras e somaria mais de R$ 10 milhões.
Delação
Alan Malouf afirmou em delação que o ex-governador Pedro Taques (PSDB) tinha conhecimento da existência de “caixa 2” na campanha eleitoral de 2014, quando concorreu ao governo do estado.
Alan Malouf confessou ter recebido R$ 260 mil, dividido em três ou quatro envelopes deixados na casa e na empresa dele. Ele é apontado como um dos líderes do esquema de desvio de verba da Seduc, a partir de fraudes em licitações para obras de escolas estaduais.
No primeiro semestre de 2014, Alan afirmou ter sido procurado por Pedro Taques em sua residência. Na ocasião, Taques, que tinha renunciado ao mandato de senador, comentou com ele sobre o interesse em disputar a eleição ao governo do estado e lhe pediu ajuda para conseguir o apoio de empresários.
Segundo ele, o grupo de apoio de Taques era composto por ele e outros empresários. Terminado o processo eleitoral, com a vitória do candidato, Malouf disse que o governador eleito perguntou se ele tinha interesse em ocupar algum cargo na gestão dele e ele respondeu que não.
Taques também teria pedido a Alan que o ajudasse a quitar os débitos não declarados que ficaram pendentes.
Defesa de Taques
“Quando candidato ao governo de Mato Grosso em 2014, Pedro Taques, então no PDT, não tratava de recebimento de recursos. Ainda assim, tem certeza de que os responsáveis não fizeram nada de errado.
Fato é que já se passaram 6 anos em que o tema é apurado, destaca-se, apurado, ou seja, sequer é um processo, e que até hoje não revelou nada de errado que tenha sido conduzido em 2014.
Taques lamenta que a apuração, a qual está sob segredo de justiça, determinado pela Justiça, reapareça pautado no momento em que coloca seu nome para o sufrágio popular.
Pedro Taques destaca ainda que seu jurídico já está tratando do assunto e que, desde 01/01/2019, vem solicitando sistematicamente para ser ouvido por toda e qualquer autoridade legal, para todo ou qualquer fato, por entender que não pode limitar o exercício de defesa de sua reputação, apenas por meio de notas a veículos de comunicação.
Onde prevalece a verdadeira Justiça, ou seja, frente às autoridades legais. É o que sempre confia.
Lembra, por fim, que suas contas de campanha de 2014 foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).”

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