Reconstituição da morte de Isabele terá participação de 41 investigadores, escrivães, delegados e peritos em Cuiabá


Amiga envolvida no caso não vai participar. Papel da adolescente, assim como a da vítima, será feito por uma atriz. Isabele Guimarães
Reprodução / TV Globo
A reconstituição do caso da adolescente Isabele Ramos, de 14 anos, que foi morta com um tiro na cabeça no dia 12 de julho em um condomínio de luxo, em Cuiabá, está prevista para ser realizada pela Polícia Civil às 18h30 desta terça-feira (18), na casa onde o crime ocorreu.
Isabele foi supostamente por um tiro acidental disparado pela amiga, também de 14 anos.
A reprodução, realizada pela Polícia Civil de Mato Grosso e Perícia Técnica e Identificação Oficial (Politec), contará com um grupo de 41 profissionais entre investigadores, escrivães, delegados e peritos.
A defesa da adolescente protocolou um pedido na tarde de segunda-feira (17) informando que ela não participará da reconstituição, pois não reúne condições psicológicas.
A Polícia Civil informou que, conforme o código penal, é um direto que cabe a quem é investigado. Dessa forma, a participação da adolescente será feita por uma atriz, assim como a de Isabele. O tamanho e o peso são aproximados com a de Isabele e a amiga.
Participarão dos atos os familiares da adolescente que fez o disparo. Outras pessoas que estiveram no local do fato também farão parte da reconstituição. Alguns atos serão reproduzidos individualmente e outros coletivamente, conforme a dinâmica dos fatos e a versão de cada participante.
Todos os atos que compõem a reprodução serão registrados em imagens pela Politec.
Isabele Guimarães Rosa, de 14 anos, morreu ao ser atingida por tiro na cabeça no condomínio Alphaville, em Cuiabá
Instagram/Reprodução
Os celulares dos envolvidos no caso da morte de Isabele passaram por análise de dados da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil e foi constatado que algumas mensagens trocadas entre os envolvidos no caso foram apagadas no dia da ocorrência.
Reconstituição
A reconstituição será feita pela Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) e da Delegacia dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cuiabá (Deddica), junto com a Perícia Técnica e Identificação Oficial (Politec).
No local, será reproduzido cada movimento feito pelas partes, para apontar a compatibilidade das versões apresentadas. Na reprodução, será verificado se a versão da adolescente é possível e compatível com os laudos da perícia, que contrapõem o depoimento dela.
Segundo a polícia, as investigações apontaram que houve circulação de pessoas na casa antes da chegada da Polícia Militar, que isolou a área superior da casa logo ao chegar ao local.
Perícia contrapõe versão
O advogado da família da adolescente que efetuou o disparo, Rodrigo Pouso, contou que o pai da suspeita do tiro acidental estava na parte inferior e pediu para que a filha guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele.
A adolescente pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu obedecendo ao pai. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada.
Segundo o advogado, uma das armas caiu no chão e a adolescente tentou pegar, mas se desequilibrou ao levantar e o objeto acabou disparando.
A menina negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto para a amiga.
No entanto, um Laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) aponta que a pessoa que matou Isabele Ramos estava com a arma apontada para o rosto da vítima, a uma distância que pode variar entre 20 e 30 cm, e a 1,44m de altura. O laudo é assinado pelo perito criminal Thiago José Resplande Lima, no dia 7 de agosto
Conforme o documento da Politec, Isabele estava no banheiro da suíte na parte superior da casa da amiga.
Em momento seguinte, o atirador entrou no banheiro, na parte esquerda, com a pistola apontada para a face da vítima, contra a qual efetuou disparo acionando o gatilho. A vítima foi atingida no nariz pelo tiro, que transfixou a cabeça.
Laudo de balística da Politec atesta que o tiro que matou Isabele Ramos não foi disparado acidentalmente.
Praticante de tiro
As duas famílias, a da adolescente que disparou, e a do namorado dela praticam tiro esportivo.
A Federação de Tiro de Mato Grosso (FTMT) disse que a adolescente que matou a amiga é praticante de tiro esportivo há pelo menos três anos.
Segundo a federação, o pai e a menina participavam das aulas e de campeonatos há três anos. Os nomes deles constam nos grupos, chamados ‘squads’, que participavam das competições da FTMT.
Outros membros da família também participavam desses grupos e praticam o esporte.
O advogado da família contestou a informação e afirmou que a adolescente praticava o esporte há apenas três meses.

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