“O caminho de volta: quando a jornada é solitária”

Ninguém te prepara para o retorno. Para sair de um lugar onde você sequer percebeu que estava. Para reencontrar a si mesmo depois de tanto tempo sendo moldado pelas expectativas dos outros. Para se dar conta de que, em algum momento, você se perdeu no caminho e não sabe mais como voltar ao seu eu verdadeiro.

Não há um manual para essa jornada. Ninguém te avisa que resgatar a sua essência pode ser tão doloroso quanto se afastar dela. Que vai doer, que vai gerar culpa, medo e saudade do personagem que você criou. Que até mesmo as versões de si mesmo que te machucaram trazem um certo tipo de conforto. O conforto de saber quem você era, mesmo que fosse apenas uma projeção imperfeita.

Retornar é desconfortável. É revirar gavetas que foram fechadas às pressas. É ouvir a sua própria voz depois de anos repetindo apenas o que os outros queriam ouvir. É encarar o reflexo no espelho e não se reconhecer mais – mas ainda assim, optar por ficar. Optar por se esperar. Optar por se reconstruir, mesmo sem ter certeza se vai dar certo.

Ninguém te diz que, por vezes, o caminho de volta é mais longo do que a ida. Que haverá tropeços, retrocessos, dias em que parecerá que você está retornando a lugar nenhum. Mas ainda assim, é preciso seguir adiante. É preciso continuar. Porque, lá na frente, existe um ponto em que a dor se ameniza. O fardo se torna mais leve. E a vida começa a se encaixar novamente dentro de você.

E talvez, esse seja o real significado de retornar: não ser quem você costumava ser, mas ser quem você precisa ser agora. Com mais amor próprio, com mais autenticidade, com mais espaço para você viver em paz dentro de si mesmo.

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